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Sete mulheres eleitas em toda a história do Poder Legislativo de Carazinho

08/03/2019 10:30:00

 

De 1935, ano em que a Câmara de Vereadores de Carazinho foi instalada, até os dias atuais, apenas sete mulheres foram eleitas pelos carazinhenses em 18 legislaturas. Destas, porém, somente uma, a vereadora Sandra Verônica da Maia Citolin, entrou para a história da cidade como sendo a primeira presidenta do Poder Legislativo. Na atual Legislatura, dos 13 parlamentares há apenas uma mulher.

A primeira a candidatar-se a vereadora em Carazinho foi a professora aposentada Carlinda Moraes de Brito, em 1946, que hoje empresta seu nome a uma Escola Estadual de Ensino Médio já que é a primeira professora de aulas públicas do município. Embora não eleita, assumiu como suplente em 23 de junho de 1949, em substituição ao vereador Theodomiro Graeff.

Porém, a primeira mulher a conquistar a titularidade e assumir o cargo de parlamentar foi Maria Anita Gobbi, na 4a legislatura (1960 a 1963), seguida de Artêmia Schlichting, na 6a legislatura (1969 a 1972); Recília Cantal Gomes Weise e Maria Therezinha Palmieri, na 9a legislatura (1983 a 1988); Tereza de Oliveira Dautt, na 10a legislatura (1989 a 1992), a primeira vereadora Constituinte; e Sandra Verônica da Maia Citolin, na 15a (2009 a 2012), completando com a vereadora atual Janete Ross de Oliveira, na 17ª legislatura.

Vale ressaltar que, ao longo destes 84 anos de história do Poder Legislativo carazinhense, outras tantas mulheres, ficaram na suplência ou tiveram a oportunidade de viver a experiência de ser vereadora por um pequeno período, e que não constam na listagem de titulares.

Todas as parlamentares têm suas fotos na "Galeria 8 de Março", espaço destinado às mulheres vereadoras da Câmara Municipal, em homenagem à dedicação e exemplo destas precursoras.

 

Representatividade feminina

A baixa participação feminina na história legislativa de Carazinho não é um dado isolado. Apesar das mulheres serem maioria da população e de eleitores em todo o país, o índice de representatividade em cargos políticos ainda é muito pequeno. A única vereadora da atual Legislatura, Janete Ross de Oliveira, afirma que apesar de muitas conquistas já terem sido obtidas ao longo dos anos, como por exemplo, o direito ao voto e a maior participação na sociedade, quando se trata de questões políticas, o preconceito ainda é presente. O reflexo disso, é que 12,5% das mulheres que concorreram a cargos públicos nas eleições municipais de 2018 não receberam um voto sequer, o que representou um total de 18.244 candidatas.  “O fato é que o número baixo de mulheres no Poder Público, é negativo para a sociedade — prova disso são as políticas públicas feitas por homens e que privilegiam os homens. Estudos desenvolvidos mostram que quando as mulheres possuem maior representatividade política, mais recursos são investidos em saúde e educação, dois dos pilares centrais de um país preocupado com o seu povo”, conta.

Com a liderança feminina na política, Janete ressalta que  outras mulheres se sentem representadas e tornam-se mais engajadas na discussão cívica, construindo um campo fértil para a maior igualdade de gênero. A situação, segundo Janete, demonstra o quão essencial é a atuação dos próprios governos em prol de uma campanha mais participativa das mulheres, mas também de conscientização dos próprios eleitores e partidos do impacto positivo dessa igualdade de representação na política. “É preciso que as instituições olhem e apoiem mais as mulheres na política, afinal, elas precisam representar a maioria de eleitores do país, trazendo maior igualdade de gênero, algo essencial na sociedade em que vivemos”, recomenda.

 

Empoderamento Político Feminino

O presidente do Legislativo, Daniel Weber, acredita que a tímida presença de mulheres na política se deve também à própria carência no entendimento das próprias mulheres sobre a sua importante contribuição na área. De acordo com ele, a representatividade feminina na política é fundamental, já que estudos feitos por economistas e cientistas políticos mostram que a identidade de quem governa tem um efeito enorme sobre o tipo de políticas públicas que são implementadas. “Todos sabemos o quanto a liderança feminina é benéfica em todas as áreas, porque entendemos que a visão delas é diferenciada e, quando, unida ao olhar dos homens, surgem políticas públicas mais completas e mais fortes. Acredito que o que falta é realmente a mulher ocupar seu espaço, empoderar-se deste lugar”, considera. Weber presume que a própria dupla jornada das mulheres com relação ao trabalho, família e vida pessoal, também contribui significativamente com este vazio no cenário político, tanto que no Executivo local também apenas 30% do secretariado é formado por mulheres.  

A situação se reflete por todo o país. Apesar de existir no Brasil uma cota de 30% de candidatas em eleições proporcionais, ela nem sempre é preenchida. Assim, na opinião de Weber, quanto menos candidatas concorrem menos mulheres serão eleitas, por isso, é necessário manter políticas públicas para que estas mulheres ocupem seu espaço, dividindo de forma igualitária, todos os lugares que ela possa ocupar, seja profissionalmente, em instituições públicas ou privadas, quanto pessoalmente, na vida familiar. “Apesar de tantos anos de luta pelos direitos da mulher e muitas conquistas já efetivadas, há ainda muito que se lutar, juntos”, enfatiza.

FOTOS

Galeria 08 de Março
Presidente Daniel Weber acredita no aumento do número de vereadores em próximas legislaturas
Janete é a única vereadora desta legislatura
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