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Especial Mulheres - “Avançar nas conquistas, nenhum direito a menos!”

1 min atrás

 

Na matéria da serie “Especial Mulheres” de hoje, vamos falar sobre as conquistas femininas ao longo dos anos, seu papel na sociedade, e os avanços conquistados em toda essa trajetória. Realizando a busca por uma frase, que descrevesse com a maior precisão possível, a luta dos movimentos feministas, ao longo dos anos, encontrei uma que dizia: “Avançar nas conquistas, nenhum direito a menos!”, de autor desconhecido, mas que em poucas palavras, nos passa muito desta luta, travada até hoje, por milhares de mulheres ao redor do mundo todo.

Panfleto da época das revoluções feministas

A posição que a mulher ocupou na sociedade ao longo dos tempos foi de coadjuvante em relação ao homem. Programada para gerar, cuidar da casa, dos filhos e ser submissa sempre, ela foi ficando sem espaço e sem identidade. Para que esta mulher conquistasse o lugar de destaque em que ela se encontra nos dias atuais, foram necessárias muitas mudanças e quebra de paradigmas. Hoje, a mulher está presente em todas as camadas da esfera profissional da sociedade e é respeitada por tal façanha. 

 

Com o passar dos anos, inúmeras conquistas foram alçadas por estas guerreiras, mulheres de fibra que não se cansam, que labutam doze, quatorze e até mesmo dezesseis horas por dia. Várias delas criam seus filhos sozinhas com todas as adversidades inimagináveis . Só que elas persistem, permanecem na batalha, vencem a cada dia uma nova guerra na “Selva de Pedra” do cotidiano.


No Brasil, na geração dos anos sessenta, as mulheres também lutaram bravamente por direitos iguais. Diversas iniciaram um movimento em busca de melhores condições de trabalho, liberdade de escolha, as feministas iam às ruas e queimavam sutiãs em busca dessa igualdade tão sonhada. Inúmeras mudanças foram acontecendo na sociedade, entre essas mudanças o mercado de trabalho se ampliava para as mulheres, o divórcio começou a valer. E os padrões de antes, a família com pai mãe e filhos começou a mudar. Uma nova família estava aparecendo: mãe e filhos.


Em 1893, a Nova Zelândia se tornou o primeiro país a garantir o sufrágio feminino, graças ao movimento liderado por Kate Sheppard.


Em que pese o fato de as primeiras feministas terem encontrado nos ideais democráticos de inspiração iluminista igualdade e liberdade, representados mais diretamente pelo direito à participação na vida política e por leis que promovam uma justiça mais equânime, o campo propício para suas reivindicações, o cerne das referências filosóficas que embasam os ideais democráticos, representadas por pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau e Jeremy Bentham, estava já impregnado de conceitos que excluíam a mulher de uma participação mais ativa na condução da sociedade. Um forte exemplo disso é o direito ao voto, que já na Grécia Antiga, em pleno nascedouro da democracia ateniense, era vetado para as mulheres.

Mesmo que tenha causado grande comoção o movimento pelo voto feminino na Inglaterra da década de 1910, as ações de protesto empreendidas pelas sufragistas, contudo, apenas vieram a obter um parcial sucesso com a aprovação do Representation of the People Act de 1918, o qual estabeleceu o voto feminino no Reino Unido, em grande parte, dizem alguns historiadores, motivado pela atuação do movimento das sufragistas na Primeira Guerra Mundial, já que as sufragistas deixaram as ruas e assumiram importante papel nos esforços de guerra.


A lei britânica de 1918 deu forças a mulheres de diversos outros países para que buscassem seus direitos ao voto, que as primeiras feministas consideravam de importância maior que outras questões referentes à situação feminina justamente por acreditarem que, pelo voto, as mulheres seriam capazes de solucionar problemas causados por leis injustas que lhes vetavam o acesso ao trabalho e à propriedade, por exemplo. Habilitando-se ao sufrágio, as mulheres passariam a ser também elegíveis e assim, pensavam as feministas, poderiam concorrer de igual para igual com os homens por cargos eletivos.


Por mais que a opressão sobre as mulheres seja ainda uma cruel realidade, elas têm direito ao voto e à participação política ampla na maioria dos países. Em países como o Kuwait, por exemplo, existem movimentos que reproduzem as mesmas lutas das sufragistas do século XIX, na tentativa de forçar o governo daquele país a mudar sua legislação eleitoral e adotar o voto universal em pleno Século XXI.


A luta mundial dos movimentos feministas inclui em seus registros o nome da cidade de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte. Em 1928, esse estado nordestino era governado por Juvenal Lamartine, a quem coube o pioneirismo de autorizar o voto da mulher em eleições, o que não era permitido no Brasil, mesmo a proibição não constando da Constituição Federal.

Cumpre citar igualmente o pioneirismo da estudante de direito mineira, Mietta Santiago. Mineira educada na Europa, com 20 anos retornou do velho mundo e descobriu, em 1928, que o veto ao voto das mulheres contrariava o artigo 70 da Constituição Brasileira de 24 de fevereiro 1891, então em vigor. Com garantia de sentença judicial (fato inédito no país), proferida em Mandado de Segurança, conquistou o direito de votar. O que de fato fez, votando em si mesma para uma vaga de deputada federal. Acreditem, Mietta não foi eleita. Escritora, advogada e oradora competente, frequentava com desenvoltura o círculo de políticos, como também as rodas boêmias dos escritores mineiros, tais como Pedro Nava, Drummond, Abgar Renault e outros. Carlos Drummond de Andrade, impressionado com a conquista do voto feminino, dedicou a Mietta o poema "Mulher Eleitora"

 

E é com o poema “Mulher Eleitora” do saudoso Drummond que encerramos mais esta matéria:

 


Mietta Santiago
loura poeta bacharel
Conquista, por sentença de Juiz,
direito de votar e ser votada
para vereador, deputado, senador,
e até Presidente da República,
Mulher votando?
Mulher, quem sabe, Chefe da Nação?
O escândalo abafa a Mantiqueira,
faz tremerem os trilhos da Central
e acende no Bairro dos Funcionários,
melhor: na cidade inteira funcionária,
a suspeita de que Minas endoidece,
já endoideceu: o mundo acaba".

 

** As imagens são algumas propagandas e símbolos do moviemento feminista da época.

 

Patrick René - ASCOM

 

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